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Passada a Covid, gratidão pela vida


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 25/12/2020 11:00

Geral   ESPECIAL DE NATAL

Quem imaginava, lá no Natal passado, que 2020 iria trazer um vírus invisível, que rapidamente se espalharia por todo mapa, faria milhões de infectados, deixaria um rastro de mortes e causaria um caos em todos os setores da sociedade? Talvez nem os videntes. Pois o novo coronavírus foi o assunto do ano, causador de muita tristeza, mas há de deixar muitos aprendizados.

Ainda que seja mais preocupante no chamado grupo de risco, que inclui os idosos, a doença não faz distinções e surpreende os mais jovens também. Foi o que aconteceu ao santa-cruzense Jonathan Ebert, de 27 anos, que chegou a ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Jonathan é agente comercial de uma empresa de pagamentos, engenheiro civil e professor de inglês. E mora com a namorada, Débora Arend, que está grávida de cinco meses da Lara. Foi no dia 5 de outubro, segunda-feira, que ele começou a sentir dor de garganta e de cabeça, os primeiros sintomas. Mesmo dia que veio o resultado positivo do teste feito por uma colega de trabalho, que na semana anterior conviveu com ele e outros tantos em evento empresarial, de onde acredita que tenha contraído.

No dia seguinte, a temperatura corporal oscilava e Jonathan sentia cansaço. O quadro foi agravando e na quarta-feira teve a primeira febre, quando foi ao ambulatório de campanha e fez o teste. Hora do isolamento domiciliar. Desde então, a febre começou a aumentar, o Paracetamol não adiantava mais e a saída foi recorrer a medicamentos mais fortes. Na quinta-feira perdeu parcialmente o paladar e o olfato, “foi angustiante”, diz ele, que na noite já tinha febre que passava dos 39 graus. A saúde do jovem se agravou com a dificuldade de respirar, e ao fazer raio-x do pulmão, a constatação de que estava comprometido. Foi preciso internar.

Já no hospital, com o passar dos dias, as dificuldades se tornaram mais evidentes para coisas simples, como caminhar no corredor e tomar banho. “Pelo quinto dia de internação tive que começar a usar oxigênio para ajudar a respiração. Mas os médicos sabiam que poderia piorar, já que os sintomas mais fortes costumam aparecer pelo 10º e 11º dia da doença. De fato foi o que aconteceu. No nono dia já passei muito mal ao tomar banho e decidiram me botar pra UTI: aí foi um grande choque, bateu o desespero, não só em mim, mas na minha namorada, minha família. Cheguei na UTI, muito assustador, conectado a um monte de aparelho e tem exames mais específicos, procedimentos como ventilação não invasiva, é aterrorizante, especialmente para quem tem claustrofobia ou algo do tipo, porque fica com o rosto pressionado à máscara, parece que não consegue respirar”, descreve. Apesar do susto, a UTI foi essencial pelo cuidado permanente, acesso à ventilação de alto fluxo e recuperação de pulmões sem a necessidade de Jonathan ser entubado.

Depois de três dias ali, ao sair da UTI, porque a saturação estava quase 100% e a respiração normalizada, no dia seguinte foi hora de voltar para casa. Parece tão simples, mas ter autonomia e independência para caminhar e tomar banho sem ajuda ganharam valor. Foi aí que percebeu que o pesadelo havia passado. “Sempre respeitei muito a doença, desde dezembro do ano passado, nas primeiras notícias. E depois confirmou, espalhando por todo mundo. Mantive todos os cuidados possíveis”, diz ele.

Mas perto do período em que contraiu o vírus, percebeu que houve certo relaxamento em alguns cuidados, mesmo usando máscara e álcool gel, as pessoas já haviam cansado. E depois do susto, o casal retomou a rigidez dos cuidados, até porque com a gravidez, sem saber se Débora já pegou ou não, e incertezas sobre possíveis implicações que poderiam gerar para o bebê, é preciso. Cada um fazendo a sua parte, assim será também no Natal, sem aglomeração. Mas um Natal de vitória, sobretudo.

Jonathan tem razões para festejar a vida. A que está chegando, para iluminar a relação do casal, e a sua nova chance. “Por mais que tenha sido complicado, consegui sair dessa, estou bem e deu tudo certo no final. Tenho que agradecer”, reflete.

 


Foto: Carolina Almeida / Jornal Arauto
Santa-cruzense Jonathan Ebert, de 27 anos,chegou a ir para a UTI devido à covid
Santa-cruzense Jonathan Ebert, de 27 anos,chegou a ir para a UTI devido à covid