A história da família Voese retratada nas salas de aulas começou no ano de 1962. A vale-solense Lori Voese, de 79 anos, havia sido escolhida por um amigo para representá-lo e substituí-lo em suas aulas. Na época, era habitual alguém da comunidade local substituir um professor quando o mesmo faltava. Sem nunca antes ter pensado em atuar na área, Lori se apaixonou pela atividade de lecionar e se dedicou com maestria à carreira. “Eu era pau para toda obra, como dizem. Fui merendeira, supervisora, diretora e, com muito orgulho, professora”, relembra emocionada.
Com uma carreira de sucesso, como ela mesma pontua, a professora é lembrada até hoje pelo tempo em que ensinava. Em vista disso, Lori não só inspirou tantos alunos a seguirem na profissão, como também foi um exemplo dentro de casa. A neta, Patricia Cristiane Voese, de 35 anos, seguiu os passos da avó e tornou-se, também, uma professora. “Desde muito nova a acompanhava. Sempre interligada a livros e aos trabalhos que ela preparava, acabou despertando em mim, esta vocação”, conta Patrícia.
Lori se despediu do ambiente escolar em 2010. No entanto, antes do encerramento, avó e neta dividiram a mesma sala durante o estágio de Patrícia. Hoje, a neta atua no educandário que a avó trabalhou e encerrou as atividades. “Comecei na escola um ano após ela se aposentar e sempre fui vista como a neta da professora Lori”, relembra orgulhosa. Patrícia enfatiza que a bagagem da avó serve até hoje como modelo quando está à frente de seus alunos. “Trocamos muitas ideias. Temos muita cumplicidade e muito orgulho uma da outra”, diz.
Com tal vocação estabelecida desde adolescente, Carlos Jardel Henn, de 33 anos, encontrou o caminho para se tornar um professor. A inspiração veio de seu professor da oitava série Edson Renato Alegre Rodrigues, ainda no Ensino Fundamental. “Certo dia, ele precisou participar de uma reunião e pediu para eu ficar cuidando de uma turma de estudantes mais novos do que eu. Não sei se era a ideia dele de querer me ver como um professor, mas me marcou muito”, conta Carlos.
No último ano do Ensino Médio, Carlos pesquisou diversos cursos e, dentre eles, um sobressaiu: educação física. “Quando decidi pela faculdade, escolhi o bacharelado. Já no primeiro semestre comecei um estágio em uma escola e percebi que era o que eu queria para a minha vida”, destaca. O educador repetiu o Enem, concorreu a uma bolsa de estudos e entrou para a licenciatura.
De aluno a colega de profissão. 23 de outubro de 2008 foi memorável e marcou o início do que já havia sido predestinado a ele: ser um professor. “Poder ensinar é acreditar e sonhar, apesar de tudo, que um mundo melhor é possível”, salienta.
Atualmente, Carlos é diretor na Escola Vera Cruz e professor na Escola José Bonifácio. Mesmo à frente do maior educandário do município, ele continua atuando como professor. “Me faz lembrar constantemente da minha essência”, ressalta. “Ser professor é ver no estudante um cidadão em construção e que tu deves fazer o teu melhor e cobrar o melhor dele, para que um dia vivamos em uma sociedade justa, humana e fraterna. Não é fácil, mas é preciso acreditar”, arremata.