Ainda que muitas pessoas guardem pedaços da história santa-cruzense em fotos, lembranças e objetos, o acesso para toda comunidade ver, de pertinho, os mais variados aspectos da evolução de Santa Cruz passa por um endereço: o Museu do Mauá, na rua Marechal Floriano, em frente à Praça da Bandeira. Há 54 anos, o local é recheado de memórias, todas doadas pela comunidade. “Muita gente parece que faz meditação enquanto visita, reflete sobre o passado, conta histórias de algo que viveu ou conheceu”, descreve a diretora do museu, a historiadora Maria Luiza Schuster.
Há quem se emocione por visualizar uma peça em que já trabalhou, como a imensa máquina de cigarros. A emoção também vem dos pequenos, que não raras vezes explanam: “eu queria morar aqui” para a diretora do museu. Pois o espaço revela para o visitante diferentes épocas da trajetória de Santa Cruz. Para Maria Luiza, que coleciona mais de duas décadas de serviço no local, o capricho da mulher pelos utensílios domésticos, especialmente as louças, chama a atenção. É bom gosto que veio junto com a colonização.
Claro que existem itens curiosos, que possivelmente nunca foram publicados em periódico algum. Como documentos de premiação internacional concedidos a empresas de Santa Cruz, pela qualidade de seus produtos. É o caso do Frigorífico Excelsior, reconhecido no início do século 20 pela banha de porco. Dentre as peças, no entanto, que mais despertam olhares no Museu do Mauá está a caixa de música produzida em meados do século XIX, na Saxônia. A caixa possui 12 discos, cada qual com apenas uma música instrumental, como La Paloma e Noite Feliz.
Detalhe: ainda funciona. Na época, ficava numa hospedaria e bastava colocar uma moeda de 100 réis para acionar a corda, que fazia tocar o disco. “Numa época em que não existiam carros, rádio, tv. Não existia rua calçada, mas ao mesmo tempo havia algo moderno para a época”, comenta Maria Luiza. Como guardiã desta história, acredita na importância de valorizar o museu para compreender o mundo atual pela caminhada até aqui. “Os conhecimentos do passado explicam o presente, como a nossa cidade foi construída”, reflete.