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Em fotos, o legado da família Kuhn para Santa Cruz


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 28/09/2020 07:10
Atualizado 28/09/2020 07:14

Geral   ANIVERSÁRIO

A evolução de Santa Cruz do Sul está na memória de muitos, mas eternizada em milhares de imagens em preto e branco que formam o acervo mais completo que o Município pode ter. Os prédios históricos, vários ainda embelezando o centro da cidade, os eventos cívicos e festivos, as paisagens, a construção de obras imponentes, tudo está registrado.

É obra e legado de uma família, que compartilha a cada geração o gosto pela fotografia, nascido com o imigrante alemão Guilherme Kuhn, que chegou ao Brasil em 1895. Ele, que começou a vida profissional ao atuar como professor em Santa Cruz, logo mais abraçou o jornalismo e fundou, em 1902, o jornal Fortschritt (Progresso), patrocinado pelo Partido Republicano. Depois de encerrar a publicação, em 1904, fundou no ano seguinte outro impresso, o Santakruzer Anzeiger (Indicador Santa-cruzense), que foi até 1908. Desta experiência como jornalista Guilherme tomou gosto pela fotografia. 

Ele também foi o primeiro agente da Varig na cidade, mas o que muitos ainda vão lembrar é da sua empresa, o Bazar Kuhn. Pois este acervo volumoso, que começou a ser formado por Guilherme enquanto trabalhava em seus jornais, foi seguido pelo filho Hugo Kuhn, que herdou a paixão pelas câmeras e fotografou até por volta de 1980. São décadas de fotografias que recontam a história santa-cruzense. Hobby cultivado também pelo neto de Guilherme, Luiz Kuhn, que mantém o acervo em sua casa, com a ajuda do filho Charles.

Das chapas de vidro ao negativo em filme, a evolução da fotografia caminha junto com a da cidade. E Guilherme Kuhn acabou unindo essa paixão com a oportunidade de criar cartões postais do município que adotou como lar, para comercializar em seu bazar. Assim como adorava registrar prédios, ruas, praças, se dedicava a clicar em festas populares, como carnaval, desfiles cívicos, quermesses, futebol, procissões. “Onde tinha alguma coisa acontecendo, lá estava ele”, relata o neto, Luiz Kuhn. “E ainda nos fins de semana, pegava o calhambeque dele e ia para o interior fotografar paisagens e a lida no campo, desde que o céu estivesse claro e bonito, ainda que as fotos fossem em preto e branco”, acrescenta.

Ao seguir os passos do pai no bazar e no talento com a câmera, Hugo continuou o legado. “Cresci junto com o acervo e muitas vezes acompanhei o pai em suas andanças. Foi ele que me ensinou a fotografar e a revelar também”, reflete Luiz. Por isso, faz questão de catalogar cada imagem, digitalizar o arquivo e separar negativos para manter a memória da família – e de Santa Cruz – preservados. É tamanha paixão que sente dificuldade em escolher suas cenas favoritas entre milhares de registros. 

Mas, quando se deparou com as primeiras imagens da construção da Catedral São João Batista, Luiz se impressionou com a imponência da igreja que se tornou referência de Santa Cruz. Se neste processo de evolução vê coisas tristes, como prédios de arquitetura colonial demolidos, também se admira ao observar o quanto Santa Cruz se desenvolveu e o visual mudou ao longo dos anos. As tipuanas que foram clicadas miudinhas na Marechal Floriano, hoje formam o túnel verde que tanto embeleza o centro. “Isso tudo mostra o valor inestimável das fotografias”, resume Luiz Kuhn. Nestas memórias, eternizadas pelo olhar de uma família, a história ilustrada ganha vida, encanta e impressiona.


Foto: Carolina Almeida / Jornal Arauto
Em fotos, o legado da família Kuhn para Santa Cruz
Em fotos, o legado da família Kuhn para Santa Cruz

Foto: Carolina Almeida / Jornal Arauto
Onde tinha alguma coisa acontecendo, lá estava ele”, relata o neto, Luiz Kuhn
Onde tinha alguma coisa acontecendo, lá estava ele”, relata o neto, Luiz Kuhn