Retomando a pesquisa de preços da Cesta Básica em Santa Cruz do Sul após seis meses devido às restrições impostas pela pandemia do Coronavírus, pode-se verificar o impacto da elevação dos preços dos alimentos para as famílias santa-cruzenses. Além da elevação dos preços do arroz e feijão amplamente reportados em nível nacional, também se verificou a redução da oferta de alguns produtos, com um menor número de marcas disponíveis nas gôndolas, bem como limitações de quantidades por pessoa, notadamente Arroz e Leite Tipo C.
A variação do custo da Cesta Básica Nacional em Santa Cruz do Sul foi de 12,50% no período de 03 de março a 17 de setembro de 2020, passando de R$ 390,82 para R$ 439,69, recorde histórico superando o custo de R$ 412,16 de junho de 2019. Dos 13 produtos pesquisados, apenas um (Café) apresentou pequena redução (0,16%) e os demais 12 produtos apresentaram elevação de preço. Com esta elevação de R$ 48,87, a Cesta Básica aumentou 4,01% no ano de 2020 e, no comparativo de 12 meses, está 24,06% mais cara que em setembro de 2019, uma elevação da ordem de R$ 85,28.
As maiores contribuições para esta elevação do custo da Cesta Básica Nacional foram do Tomate (contribuição de 2,639%), do Feijão Preto (contribuição de 2,574%) e do Leite Tipo C (contribuição de 2,113%). Completam a lista de maiores contribuições a Carne Bovina (com contribuição de 2,009%) e o Arroz, tão em voga nas últimas notícias, que teve uma elevação de 42,772% em relação ao levantamento de março, mas cuja contribuição para o índice final foi de somente 1,231%.
Com este custo para a Cesta Nacional, um trabalhador de Santa Cruz do Sul que recebeu no início deste mês o Salário Mínimo, precisaria ter trabalhado 92,567 horas para adquirir o conjunto de 13 produtos, ou seja, 10,29 horas a mais que em março.
A partir dos gastos com alimentação é possível estimar o Salário Mínimo necessário para o atendimento das necessidades básicas do trabalhador e de sua família. Seguindo a mesma metodologia utilizada pelo DIEESE, o valor do Salário Mínimo em Santa Cruz do Sul para o mês de agosto de 2020, pago no início do mês de setembro, deveria ter sido de R$ 3.666,13 para uma família composta por dois adultos e duas crianças.
A Cesta Básica Nacional relaciona um conjunto de alimentos que seria suficiente para o sustento e bem-estar de um trabalhador adulto ao longo de um mês, tomando como base o Decreto Lei nº. 399, de 30 de abril de 1938, que regulamenta a Lei nº. 185 de 14 de janeiro de 1936 – da instituição do Salário Mínimo no Brasil. Este Decreto estabelece que o salário mínimo é a remuneração devida ao trabalhador adulto, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço, capaz de satisfazer, em determinada época e região do país, às suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte.