Há alguns anos, Luís Fernando Sulzbacher não acreditava que um dia fosse conquistar o diploma na graduação - já que a família não tinha como arcar com o investimento. Começou os estudos em Administração, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), mas só podia pagar por uma cadeira no semestre. A situação mudou quando através de amigos conheceu o Programa Universidade para Todos (Proni), e viu nele a oportunidade de estudar de forma gratuita – e ingressar no curso de Arquitetura e Urbanismo. Formou-se em fevereiro de 2016 e, desde então, atua na profissão escolhida.
Luís é um dos muitos exemplos de acadêmicos que só podem bancar a faculdade através de programas de gratuidade e financiamentos estudantis. Assim como ele, atualmente 1.034 alunos da Unisc estudam graças ao Prouni e outros tantos têm auxílio de créditos universitários, como o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) - conforme dados de agosto de 2020.
Foi no início de 2011 que Luís aderiu ao programa e, a partir daquele momento, agarrou a oportunidade. “Meus pais achavam a universidade um investimento muito alto, mas eu queria deixar o trabalho na lavoura de tabaco para seguir uma profissão na cidade e com o Prouni mostrei que era possível”, explica. Conhecido por ser bagunceiro e pouco dedicado aos estudos no Ensino Médio, mudou completamente a postura. “Dizem que a gente só dá valor àquilo que paga, mas no meu caso foi ao contrário”, frisa.
Antes do Prouni, Luís se inscreveu no FIES - um dos créditos mais buscados pelos acadêmicos da Unisc, conforme o pró-reitor administrativo, Dorivaldo Brites. Há seis anos, era utilizado por 50% dos alunos. Entretanto, após a remodelação da política do financiamento, a partir de 2014, essa parcela diminuiu atualmente para 10%, ou seja, cerca de 500 estudantes. “A partir de 2014, essa política não se sustentou, porque o governo foi muito flexível nas regras para conceder o financiamento, sendo que muitas pessoas aderiram, além de que na hora de devolver os valores houve uma inadimplência grande, devido à cobrança que não foi severa. Desde então, as regras mudaram, limitando o acesso atualmente”, esclarece.
Conforme Dorivaldo, além da parcela de alunos com FIES e Prouni, atualmente 800 acadêmicos fazem uso do Crediunisc - financiamento próprio da instituição de até 50% da mensalidade do curso. Além disso, outros 141 estudantes possuem créditos universitários através de bancos e instituições privadas conveniadas à faculdade. “É uma necessidade, já que no país, a maioria da população não tem condições financeiras de pagar pela graduação. Ou se ingressa na universidade pública ou se contrata um financiamento estudantil ou programa de gratuidade”, salienta.
Aos 31 anos, Luís reconhece a importância de oportunidades como essas - seja financiamentos estudantis ou programas federais - e salienta que mais do que as aulas gratuitas, o programa permitiu melhor aproveitamento do curso, com a realização de todas as cadeiras ofertadas nos semestres. “Consegui me formar pelo Prouni”, frisa, ao lembrar que logo após a formatura deu início ao sonho de montar um escritório de arquitetura ao lado da colega de profissão e amiga Daniela Rachor. “Começamos nos fundos da garagem da casa da Dani e aos poucos os conhecidos foram fazendo projetos com a gente. Hoje, a Adobe Arquitetura tem sede própria [em Santa Cruz do Sul]. Assim como na graduação, conquistar nosso espaço no mercado não tem sido fácil, mas estamos lutando pra isso. Sou muito realizado em ter concluído a graduação e ainda mais em estar atuando na profissão que escolhi”, comemora.