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Cirurgias plásticas crescem mais de 120% entre adolescentes


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 13/09/2020 20:00

Geral   BELEZA E BEM-ESTAR

Vestir uma blusa e não se sentir bem com o tamanho dos seios. Olhar-se no espelho e não gostar do formato do nariz, da boca ou das orelhas. Essas situações são comuns a diversos adolescentes, insatisfeitos com seus corpos e influenciados pela exposição às redes sociais, pressão para tirar fotos perfeitas, apelo da mídia e  bullying. O alerta é das cirurgiãs plásticas Susana Fabíola Mueller e Giovana Haeser, que atuam em Santa Cruz do Sul e notam significativa procura nos consultórios pela faixa etária – o que também acontece em nível nacional. Conforme dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), esse crescimento foi de mais de 120% em nove anos. Enquanto 37.740 brasileiros, de 13 a 18 anos, realizaram procedimentos cirúrgicos em 2009, em 2018 esse número chegou a 83.657. 

Os procedimentos mais populares entre as pacientes de Susana são a mamaplastia redutora (redução de mama), otoplastia (nas orelhas), colocação de prótese mamária e a rinoplastia (no nariz). Aliás, a cirurgia de nariz está entre as mais pedidas no consultório de Giovana. “É o centro da face e a região mais exposta em fotos. Todos querem mostrar seu melhor, o que é difícil em imagens tão próximas, pois pequenas imperfeições podem se tornar grandes”, justifica, ao citar também que problemas antes não identificados com frequência em adolescentes estão mais proeminentes, como o excesso de pele nas pálpebras, mais comuns antes em mulheres por volta dos 40 anos. 

Ao falar das cirurgias plásticas, ainda, a prótese de silicone não fica de fora, segundo Giovana - já que é um dos procedimentos mais procurados pela faixa etária. A preferência é pelos tamanhos naturais, diferentemente de anos atrás, frisa a médica, ou até mesmo pelo colo bem marcado, “como elas veem em fotos da internet”, aponta. 

Foi justamente a insatisfação com o tamanho dos seios que levou a vera-cruzense Laiane Breunig, hoje com 20 anos, a optar pela prótese de silicone quando tinha 18. “Foi a realização de um sonho. Desde mais nova sempre falava que queria colocar, porque me sentia muito mal ao usar uma blusa decotada. Um biquíni, então, odiava”, conta. Após a intervenção, a jovem percebeu mudança significativa na autoestima e frisa que se sente mais realizada todos os dias ao se olhar no espelho ou comprar roupas. 

Apesar de já estar decidida desde o início da adolescência, a primeira consulta foi aos 16 anos. “A médica disse que poderia colocar silicone a partir dos 16, mas fiz aos 18, porque minha mãe me achava muito nova”, explica, ao lembrar que a esperada cirurgia foi um presente ao completar a maioridade. 
Para alguns, fazer intervenção nesta idade parece uma decisão precoce à primeira vista, mas, conforme Giovana, “se bem realizada acarreta em benefícios importantes como elevar a autoestima nesta fase difícil e de inúmeras mudanças”.

OUTROS PROCEDIMENTOS
Enquanto algumas adolescentes querem aumentar os seios, outras apresentam crescimento rápido e excessivo, as chamadas gigantomastias ou mamas gigantes. Segundo Giovana, a cirurgia que corrige problemas como o caimento das mamas precocemente costuma ser feita bem cedo, dois anos após a primeira menstruação. “É um problema que atrapalha o desenvolvimento da menina, causando constrangimentos, traumas e até busca de outros subterfúgios, quando não consegue identificar a causa do mal-estar”, esclarece. 

Outro procedimento bem procurado é a correção de orelhas de abano. “Entre os seis ou sete anos já se pode corrigir, quando incomodar ou causar desconforto. Caso a criança não sinta essa necessidade, a correção pode ocorrer em qualquer período da vida”, pontua.

Para evitar arrependimentos
Ao fazer cirurgia plástica na adolescência, Giovana alerta para os exageros e riscos de escolher profissionais não habilitados - que podem causar danos irreversíveis ou de difícil correção. Dessa forma, orienta para uma decisão bem pensada, levando em conta também a maturidade, o crescimento ósseo cartilaginoso e a avaliação funcional - principalmente para a cirurgia de nariz. “Sempre que possível deve-se aguardar o desenvolvimento completo do órgão a ser corrigido”, frisa. Como dica, Susana diz que é preciso ciência do procedimento e permissão dos pais ou responsáveis. Giovana lembra, ainda, que profissionais de outras áreas, como psicólogos, podem ser requisitados para avaliar se o adolescente está preparado e se tem noção do resultado possível de ser alcançado. “É preciso avaliar a real necessidade do procedimento e se realmente vai trazer benefícios ao desenvolvimento do adolescente”, esclarece. 


Foto: Jornal Arauto / Lucas Batista
Rinoplastia está entre as cirurgias mais procuradas
Rinoplastia está entre as cirurgias mais procuradas