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Terceiro relatório da PF aponta R$ 8 milhões em desvios nos cofres públicos de Rio Pardo


Publicado 10/09/2020 10:40
Atualizado 10/09/2020 11:04

Polícia   OPERAÇÃO CAMILO

A Operação Camilo, que apontou irregularidades em contratos na área da Saúde em Rio Pardo, segue tendo desdobramentos. Nesta quarta-feira (9), a Polícia Federal entregou à Justiça um terceiro relatório da investigação que apura o desvio de R$ 15 milhões dos cofres do município. Diferente dos dois primeiros documentos, que trataram sobre condutas e pessoas que teriam atuado em um primeiro ciclo de fraudes, até outubro de 2018, o terceiro relatório colheu provas do final do ano de 2018 até a data da deflagração da operação, no dia 27 de maio deste ano. Esse período, de acordo com o líder da força-tarefa, delegado Mauro Lima, é chamado de segundo ciclo de fraudes.

Conforme o delegado, o terceiro relatório foca nas ações das principais lideranças da organização criminosa. O valor que teria sido superfaturado no ciclo gira em torno de R$ 8,8 milhões, além do valor apurado no primeiro ciclo. "Terão vários outros relatórios ainda pela frente. Encerramos o ciclo relacionado aos principais líderes da organização e a uma reorquestração dessa organização. Embora alguns atores tenham permanecido, teve uma troca no grupo empresarial que estava capitaneando as fraudes com a saída de dois elementos principais e o ingresso de outros", destaca.

A terceira fase, segundo o líder da força-tarefa, ainda aponta detalhes com a venda da gestão da entidade responsável pela administração do hospital de Rio Pardo. “O que nos parece é que houve um desarranjo de entendimento, provavelmente relacionado a questões políticas. O que temos comprovado é que houve a venda da gestão da entidade. O fundador permanece, mas os reais administradores mudaram. Se tínhamos duas pessoas a frente, passamos a ter um administrador oculto e dois funcionários que trabalhavam semanalmente à frente da entidade. Essa venda de gestão ocorreu por um valor bem significativo, comprovado em um documento muito importante que foi apreendido, e venda essa que foi assentada por um dos servidores públicos de Rio Pardo. Inclusive esse documento tem a assinatura desse servidor", detalha. 

O terceiro relatório novamente indicia o ex-prefeito Rafael Barros, o ex-procurador Milton Coelho e outras três pessoas ligadas na época à Associação Brasileira do Bem-Estar Social, Saúde e Inclusão (Abrassi). Os crimes apurados são corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro, fraude a licitação e estelionato. "Em decorrência da prorrogação de contrato com a organização social ocorrida nesse segundo ciclo teve esse indiciamento diferente do anterior. Lá  atrás foi pela questão do início do processo licitatório, agora indiciamos em um artigo que trata da prorrogação do contrato", disse.

Ainda não há prazo para conclusão do inquérito. Uma nova parte da operação irá apurar contratos assinados pela Abrassi com empresas quarteirizadas para prestação de serviços. As condutas de outros servidores públicos que atuavam no período também serão investigadas.

Procurado pela reportagem do Portal Arauto, o advogado Ezequiel Vetoretti, que representa o ex-prefeito de Rio Pardo, Rafael Reis Barros e o ex-procurador jurídico do município, Milton Coelho, disse em nota que "aguarda pacientemente a conclusão do inquérito policial e a existência de uma acusação formal, por parte do Ministério Público Federal, para realizar a defesa de seus constituintes no ambiente adequado e ético que é o processo, principalmente em um inquérito que tramita sob sigilo por determinação judicial, o que deve ser respeitado por aqueles que compreendem os limites éticos de sua atuação".


Foto: Arquivo/Portal Arauto
Terceiro relatório da PF aponta R$ 8 milhões em desvios nos cofres públicos de Rio Pardo