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Marcelo Carneiro: “estamos na fase de saída do pico”


Fonte: Jornal Arauto
Publicado 08/09/2020 07:00

Geral   CORONAVÍRUS

No início da semana passada, o noticiário nacional começou diferente do que os telespectadores estavam acostumados. Frisou que o Brasil apresentava a menor média móvel de mortes por coronavírus dos últimos três meses. Seria finalmente a notícia que todos esperam, que a Covid-19 está regredindo, de fato? Sim, na visão do médico infectologista Marcelo Carneiro, que representa a Apesc (Universidade de Santa Cruz do Sul e Hospital Santa Cruz) no Gabinete de Crises e como médico atua no trabalho de previsões e condutas relacionadas ao tratamento, à prevenção do coronavírus e ao diagnóstico da doença. “Estamos na fase de saída do pico. No Rio Grande do Sul, o pico aconteceu na segunda semana de julho. A gente já começa a ter uma tendência de queda, tanto de óbito quanto de novos casos, e isso acontece no Brasil inteiro”, reflete ele.

Essa redução sucede o tão falado achatamento de curva da doença. Diferente de outros países, que tiveram aquela “montanha russa” com queda rápida, no Brasil se nota um longo período estável, mas em alto nível. Para  Carneiro, o achatamento da curva aconteceu quando foi feito o distanciamento controlado, e com isso diminuiu o número de casos ao mesmo tempo. “Existe este platô com tendência de queda. E isso é bom. O que pode acontecer é que as pessoas que ficaram em casa, quando saírem pra rua, resultar em uma segunda onda de infecções - o que é esperado - mas menor do que a primeira”, alerta ele.
O que se percebe, comenta o médico infectologista, é que o vírus vai se abrandando e a evolução da doença faz com que a capacidade do vírus de ser contagioso seja menor, o que também é uma forma de controle da pandemia. “Quanto maior for o tempo, menor a contagiosidade. E isso é uma forma de controle natural da pandemia, ela tem um começo, meio e fim”, assegura.

E AS AULAS? Não é de hoje que o infectologista defende a organização para o retorno das aulas presenciais, como também foi anunciado pelo Governo do Estado na última semana, sugerindo que comece gradualmente pela Educação Infantil, em setembro, o que passa por análise dos municípios, instituições e pais. Para Carneiro, a situação epidemiológica é favorável para o retorno. “Apesar dos receios, não vejo grande problema. Importante que estas crianças que vão sair do isolamento, que fiquem afastadas das pessoas com mais de 60 anos, como já deveriam estar, mas vemos que muitas estão em contato com idosos. No retorno às aulas, estas crianças devem ficar afastadas dos parentes mais idosos e, se tiverem contato mais próximo, que usem máscara mesmo dentro de casa”, completa. O médico aponta que nas últimas semanas muitos adquiriram a doença dentro de casa, em família, porque as pessoas não têm o costume de usar a máscara no ambiente doméstico.


Foto Divulgação
Infectologista Marcelo Carneiro fala da regressão da doença
Infectologista Marcelo Carneiro fala da regressão da doença