Seis anos de prática com cervejas artesanais e cinco prêmios de reconhecimento. A trajetória, que mais parece de um cervejeiro profissional, vem do hobbie do santa-cruzense Fabrício Ricardo Frantz. O operador comercial de 43 anos, que iniciou o processo em 2014, já reproduziu mais de 30 estilos da bebida em meio a mais de 200 processos de produção. Cinco renderam medalhas e a certeza: há um sinal por trás de toda essa brincadeira.
Com o sonho de um dia abrir uma cervejaria, Frantz passou a encaminhar as cervejas para concursos, a fim de ter um retorno sobre a qualidade delas e sobre o que poderia melhorar em cada uma. Para sua surpresa, no primeiro em que participou em 2016, a cerveja Pumpkin Ale, inspirada nos doces de abóbora das avós Ilse e Leonoura, rendeu-lhe a medalha de bronze do 3º Concurso Sul Brasileiro.
Em 2018, foram três medalhas com as cervejas Munich Helles e American Lager: duas de prata no 7ª Concurso Estadual das Acervas e uma medalha de ouro no Cervera em Vera Cruz. Já em 2019, o ouro veio com a Rauchbier, no 8º Concurso Estadual das Acervas. A bebida defumada conquistou tantos corações que virou a lembrancinha de casamento da sobrinha de Fabrício, que fez questão de presentear os convidados com a mais nova produção do tio.
Aliás, foi o marido dessa sobrinha que lhe apresentou o mundo das cervejas artesanais. "Lembro que provei e pensei: 'Como será que é feita? Eu sempre gosto de saber, sempre me interessei por tudo que é artesanal. Já fiz curso de charcutaria, faço pães e quero começar a fazer vinhos e queijos. Então, antes mesmo de fazer o curso básico de cervejas artesanais, já comprei tudo o que precisava", relembra. A certeza de que daria certo o motivou a conhecer o processo de fabricação da bebida. Foi assim que começou a ler livros, reportagens e estudar cada dia mais.
Os cinco litros iniciais que fazia todo fim de semana, no fogão de casa, tornaram-se 25 litros ao mudar para um espaço específico para a preparação, no antigo local onde os pais tinham uma marcenaria. Aquele ambiente, onde no passado aprendeu a construir diversas peças de madeira, hoje lhe inspira a continuar o dom da família para tudo aquilo que é artesanal. "Convivi muito com minhas avós, que sempre fizeram várias coisas. Aprendi muito com meu pai Alceu e minha mãe Gilka, que adoram cozinhar. Hoje, enquanto preparo essa cerveja, já estou pensando no que posso fazer de noite", diz.
E as criações de Fabrício são reconhecidas, não somente em concursos, mas pela esposa Denise Prestes Frantz e pelas filhas Isadora e Rafaela, que incentivam o pai a continuar. As cinco medalhas expostas carinhosamente na sala são apenas uma amostra do quão longe ele pode e elas acreditam que ele irá chegar. "Sonho em abrir uma cervejaria, mesmo que pequena, para já iniciar oferecendo cervejas medalhistas. Por isso, a ideia é continuar participando das competições", explica. Em busca de se profissionalizar, em 2018 fez o curso avançado de tecnologia cervejeira, reconhecido inclusive na Alemanha.
Para as próximas oportunidades, além de levar as bebidas já premiadas, o operador comercial - que atua na rádio Arauto FM há quatro anos - pretende levar para conhecimento dos avaliadores uma nova cerveja, inspirada em uma famosa bebida da República Tcheca. "Não deu muito certo, mas ficou muito boa", brinca. Afinal, como suas avós o ensinaram, mais importante do que o processo, é o fazer com o coração e ter um belo resultado final.
