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Pilchas no armário, na espera do Enart


Publicado 14/06/2020 10:00
Atualizado 14/06/2020 10:41

Geral   PREVISTO PARA NOVEMBRO

O evento mais aguardado pelos amantes da cultura gaúcha ainda está indefinido. O Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), previsto para novembro em Santa Cruz do Sul, é mais uma pauta incerta devido à pandemia do novo coronavírus. Segundo Gilda Galeazzi, presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), a definição da data do evento depende da volta dos ensaios. “Para que isso aconteça, é necessária a liberação do governo. Tudo está indefinido”, diz.

Com os CTGs todos fechados e na impossibilidade dos dançarinos ensaiarem por conta da aglomeração, todos os grupos esperam as definições do MTG quanto à realização do Enart. E não apenas para a grande final, tradicionalmente realizada em Santa Cruz, mas para todas as fases classificatórias que teriam início em junho. “Com a pandemia, acredito que não existe possibilidade (de manter o calendário atual). Dança é muito contato, muito ensaio”, reflete o instrutor de danças do CTG Candeeiro da Amizade, campeão da Força B do ano passado, Alex Von Martin.

Credenciados à final da Força A pela conquista em 2019, os vera-cruzenses começaram os ensaios em janeiro e tiveram que parar em março, por conta dos decretos. “Teríamos em torno de 10 meses de preparação para montar um trabalho. Mas acredito que se tudo voltar ao normal, de agosto a novembro ficaria inviável, principalmente pela questão financeira, pois não teria tempo de arrecadar recursos, além do tempo”, completa Alex.

São mais de 200 grupos no Rio Grande do Sul e poucos chegam à final, em novembro. Sem as classificatórias não teria como realizar o evento, até mesmo nas modalidades individuais, explica o instrutor. Alex conta que os Candeeiranos já tinham 16 danças montadas e coreografadas. “O grupo estava bem encaminhado. Do total de 19 que estão no regulamento do evento. A ideia do grupo era ir aos principais rodeios do Estado, mas acabaram sendo cancelados devido à pandemia. E agora? Apesar da boa base, na opinião do instrutor de danças, a pandemia afeta muito o ritmo do grupo. “O aperfeiçoamento se dá pela repetição dos movimentos , até mesmo a questão física é muito importante para uma boa apresentação. É uma série de fatores, até mesmo a questão psicológica para voltar à rotina, e a motivação”, explica. Na opinião dele, o evento não sai em novembro.

Espera cheia de saudade

Além dos prejuízos que a falta de treinamento acarreta, a pandemia também faz com que as famílias formadas nos centros de tradição sintam muita saudade. No CTG Lanceiros de Santa Cruz, os ensaios foram suspensos em março e, desde lá, a convivência também teve pausa. De acordo com Fernando Schroeder, coordenador do grupo adulto, o WhatsApp até oportuniza o diálogo, mas jamais substituirá o contato. “Pelo tempo que convivemos juntos, acaba-se tornando uma família”, comenta.

Antes do coronavírus, o grupo estava com metade das danças prontas e com a temática para o Enart já determinada. “Acabamos por segurar algumas definições por causa da pandemia e também deixamos de participar de uns três eventos que já teriam acontecido”, conta. Com incertezas sobre o futuro, Schroeder ressalta que é difícil saber se o evento ocorrerá em novembro. Afinal, mesmo com a saudade dos amigos, dos eventos e do tablado, ele sabe que o momento é para pensar, primeiramente, na saúde de todos.


Foto: Arquivo/ Jornal Arauto
Pilchas no armário, na espera do Enart