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"A marca dele era executar com 18, 20 tiros", diz delegada sobre jovem preso


Publicado 05/06/2020 11:30
Atualizado 05/06/2020 11:47

Polícia   INVESTIGAÇÃO

A noite era de confraternização na Avenida do Imigrante após o primeiro Gre-Nal da história de uma Libertadores da América lotar os bares de um dos pontos mais tradicionais do Centro de Santa Cruz. Pouco após a partida, por volta da meia-noite, o som das conversas e gargalhadas foi ofuscado pelo barulho de uma sequência de tiros. Foram mais de 20, e ao menos 18 deles acertaram Rodrigo Marcos do Carmo. Outro jovem, que estava próximo a Rodrigo, também foi alvejado, mas sobreviveu.

A cena nada comum preocupou as autoridades de segurança de Santa Cruz e motivou a equipe da 1ª Delegacia de Polícia Civil a buscar logo os culpados. "O crime estranhou a Polícia Civil por ser em um ponto bastante movimentado da cidade. Nós começamos uma linha de investigação em função da própria vítima, por ser quem era, sobrinho do apenado Marcelinho do Carmo e pelos antecedentes”, comenta a delegada Ana Luísa Aita Pippi.  

De acordo com a delegada, a vítima já havia cometido homicídios em Santa Cruz a mando de Marcelinho do Carmo, ou seja, ele “trabalharia” para o próprio tio como matador. Em uma dessas situações, após ter cumprido pena na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), foi apontado pela facção com um dos responsáveis pelo homicídio de um adolescente que ocorreu no Residencial Viver Bem em dezembro do ano passado. A Polícia não havia apurado a participação dele, mas foi a própria facção, entendendo mesmo sem provas que ele havia participado do caso, que decidiu matar Rodrigo. “Esse seria um outro motivo pela morte dele. Então são vários fatores. Ele era sobrinho do Marcelinho do Carmo, era uma rixa entre facção e queriam vingar a morte desse adolescente”, destaca.

RELEMBRE: Morte de adolescente pode ter sido o estopim para duplo homicídio ocorrido em Santa Cruz

Violência e frieza

Com o racha na facção já estabelecido e com Marcelo do Carmo perdendo poder, Rodrigo, de acordo com familiares, teria decidio sair do mundo do crime. E foi em meio à confraternização com amigos que ele acabou morto. De acordo com a polícia, Rodrigo chegou a ser ameaçado diversas vezes. “Até que nessa noite ele foi assistir o Gre-Nal com amigos. Ele saiu de onde estava assistindo o jogo, foi para a Imigrante e nunca imaginou que ali ele seria visto pelos desafetos e foi executado”, ressalta.

O jovem suspeito de ser o autor da execução tem 20 anos, que não teve a identidade divulgada, foi preso na manhã desta sexta-feira (5), em uma grande operação da Polícia Civil. Sem antecedentes criminais, chamou a atenção da polícia a frieza e a violência nessa ação e em outras em que ele também é investigado. "Em março ele praticou esse homicídio. Ele não só foi apontado como ele também é o executor. Temos provas no inquérito que comprovam que ele é o executor. E tem isso que ele levava como uma marca, de atirar umas 18, 20 vezes. Isso para ele é status. Ele agia de forma fria", explica.

O indivíduo ainda é investigado pela 2ª Delegacia de Polícia Civil por outros dois homicídios ocorridos neste ano.

O comparsa

Para executar a vítima, o jovem pegou uma motocicleta emprestada com um amigo, um indivíduo de 19 anos. Ele também foi preso na operação desta manhã. "Ele tentou justificar que a moto teria sido roubada, mas não chamou a Brigada Militar após esse suposto assalto e só foi registrar a ocorrência três horas depois. Além disso temos imagens dele na cena do crime", destaca.

O homem que dirigia a moto no dia do crime já foi identificado. A Polícia ainda procura provas para indiciá-lo por envolvimento no caso.

Casos não ficarão impunes

Ainda de acordo com a delegada, outros casos de homicídio estão na mira da polícia. "Não podemos deixar mais isso acontecer. Temos que agir e essa hoje foi a nossa resposta. Não é só ele o matador, existem outros e vamos continuar trabalhando e investigando para dar essa resposta à população. Não podemos deixar que vidas sejam tiradas desta forma", enfatiza.

A operação

Além da 1ª e 2ª Delegacias de Polícia de Santa Cruz do Sul, a operação contou com o trabalho da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Delegacia de Polícia de Vale do Sol, DP de Venâncio Aires, Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Delegacia de Polícia de Sinimbu e Delegacia de Polícia Regional e Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dpca). Cerca de 50 agentes atuaram no cumprimento de mandados de prisão preventiva e busca e apreensão.

 


Foto: Portal Arauto
"A marca dele era executar com 18, 20 tiros", diz delegada sobre jovem preso