É nas estradas o cotidiano de Acildo Behling e Jonathan Heck. No interior de um ônibus ou na gabine de um caminhão, os dois trabalham em prol do sustento da família e pelo amor pela profissão de motorista. Função que traz orgulho, mas também muitos desafios, por conta dos perigos do trânsito e também pela saudade da família. É por isso que os dois torcem e ficam na expectativa da aprovação de uma emenda do senador Paulo Paim (PT), que pretende incluir as categorias na concessão de aposentadoria especial.
A expectativa é que o texto entre na pauta da votação nas primeiras sessões de 2020. Se aprovado, os motoristas de ônibus e caminhão poderão se aposentar mais cedo. Com a reforma que entrou em vigor ano passado, a idade mínima para aposentadoria do brasileiro foi fixada em 62 anos, no caso das mulheres, e 65, no dos homens. Entretanto, com a emenda, dependendo do tempo de exposição a risco e do tempo de contribuição à Previdência, o benefício dos profissionais de transporte poderá ser concedido aos 55 anos.
Para Jonathan Heck, morador de Santa Cruz do Sul, a mudança seria justa. "Nossa classe precisa ter o mesmo direito daquelas consideradas de periculosidade. Todos os dias corremos riscos nas estradas. O primeiro deles é a própria estrada, depois vem os assaltos e até mesmo o caminhão, ferramenta de trabalho perigoso caso não utilizada da maneira correta", comenta. Acildo Behling, que trafega diariamente entre os municípios do Vale do Rio Pardo e a Quarta Colônia, também torce pela mudança. "Os riscos no trânsito são muitos. Já vi muita coisa nos meus 28 anos de carreira. Antes disso também fui caminhoneiro e sei o quanto essas duas profissões enfrentam dificuldades, somadas com a falta dos familiares", diz.
Riscos para os profissionais
Na justificativa, o senador destaca que os profissionais são expostos a agentes danosos a saúde e, por isso, devem ser beneficiários do regime especial de aposentadoria. "Além de se tratar de exposição diária a trânsito, estresse, que lhes causam doenças emocionais, ainda possui os fatores químicos e biológicos. Isso tem contribuído sobremaneira para o crescimento do número de profissionais desse ramo, afastados pelo INSS devido a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais", diz o texto.
Além disso, Paulo Paim descreve que não são raros os casos de diabetes, hipertensão, labirintite e outras doenças ocasionadas tanto pelo calor e ruídos, como também pela trepidação do veículo. "Não são raros os casos também de assaltos que ocorrem tanto em veículos de transporte de cargas nas estradas como também, no sistema de transporte público coletivo, o que sujeita o profissional a exposições emocionais que acarretam em inúmeras vezes incapacidade laboral diante das consequências graves que tais fatores representam. Por essa razões, conto com o apoio do nobres pares para aprovação da presente emenda", pede no texto.
LEIA AQUI, a sugestão de emenda que regulamenta o inciso II do § 1º do art. 201 da Constituição Federal, que dispõe sobre a concessão de aposentadoria especial aos segurados do Regime Geral da Previdência Social, e dá outras providências.