Os opostos do clima castigaram a produção de tabaco. Nos meses de outubro e novembro foi a chuva em excesso. Em dezembro, a seca. Os reflexos disso: quebra na produção e na qualidade. Enquanto para alguns a chuvarada e depois a estiagem provocaram perdas, para os que plantaram o tabaco de forma antecipada o sorriso é um pouco mais largo. Esse é o caso de Luís Ernani Paulitsch, de 48 anos, morador de Entrada Ferraz, no interior de Vera Cruz. O plantio iniciou na primeira quinzena de julho e toda a safra já está no galpão, à espera da classificação e das manocas. As folhas pesadas e viçosas mostram que para ele a safra tende a ser boa. “O fumo do cedo não costuma dar pé alto, mas folha graúda, com peso e cor”, revela.
Ao projetar a comercialização, que em algumas empresas teve início nesta segunda-feira, dia 13, seu Luís diz que esta pode ser a safra do “quem paga mais leva”. A expressão traduz que o ciclo foi de perdas para muitos produtores, o que pode provocar falta de produto nas empresas. “Então, elas no começo até devem dar uma apertada no produtor, mas irão recuar e comprar melhor”, acredita ele, que decidiu há cerca de três anos reduzir a quantidade de tabaco plantada justamente para focar na qualidade. “Hoje, planto 40 mil pés e priorizo que eles sejam bem vendidos, embora esteja difícil as empresas comprarem BO1”, sublinha. “Esses dias até fiquei pensando: ou a gente não sabe mais secar um BO1 ou as empresas não querem mais pagar um BO1”, acrescenta.
Aliás, o preço é o que precisa ser melhorado, segundo ele. Atualmente, pela tabela da empresa para a qual Luís comercializa, o valor pago pela arroba do BO1 é de cerca de R$ 180. Segundo o produtor, por todos os custos de produção, incluindo manutenção das estufas, insumos utilizados, pagamento de mão de obra e atender todas as exigências da fumageira, a classe mais alta precisava ser tabelada em R$ 200.
Por falar em aumento do preço, a primeira rodada de negociações entre empresas e entidades terminou sem definições. Contatada, a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) disse que os debates serão retomados no dia 24 de janeiro. Em 10 de dezembro do ano passado, quando ocorreu o início das negociações, das sete empresas fumageiras, apenas cinco apresentaram o custo de produção e três apresentaram proposta de reajuste. Entretanto, com exceção de uma empresa, os custos de produção apresentados não chegaram ao índice apurado pelas entidades, individualmente para cada fumageira. Quanto às propostas de reajuste de preço, nenhuma chegou a atingir a média do custo de produção apurado.
INÍCIO DA COMERCIALIZAÇÃO
A compra de tabaco das unidades da Alliance One em Venâncio Aires e Araranguá começaram ontem, mesma data em que iniciou a compra da China Brasil Tabacos, da JTI e da Philip Morris Brasil. A Universal Leaf Tabacos começa a compra nesta terça-feira, dia 14. Já a Souza Cruz começou em novembro a comercialização da safra na usina de Santa Cruz, para alguns tipos de tabaco. Quanto à comercialização do Virgínia, ela começa na segunda quinzena de janeiro em todas as unidades de compra da companhia. As informações foram apuradas diretamente com as assessorias de imprensa de cada uma das fumageiras.