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Quem é o estudante tradicionalista que vai a cavalo para Unisc


Publicado 19/09/2019 17:57
Atualizado 19/09/2019 18:09

Geral   SEMANA FARROUPILHA

Simplicidade, carisma e, na fala, o orgulho de pertencer à cultura tradicionalista do Rio Grande. É isso que o jovem Andrei Barbosa, de 27 anos, carrega consigo e transmite a quem o vê, campereando pelas ruas de Santa Cruz do Sul e do Estado. E no mês de setembro as demonstrações se tornam ainda mais especiais e únicas. Devidamente pilchado, Andrei encilha a potra Lobuna, coloca os materais na garupa e, acompanhado da cadela Marrom, vai cavalgando entre os ônibus e os carros, atraindo olhares de quem transita na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o estudante tradicionalista em busca do sonho de ser jornalista.

Andrei conta que começou a ir a cavalo para a universidade durante a Semana Farroupilha no ano passado."Não foi muito simples, eu não sabia se poderia entrar, não sabia onde deixar, tem o risco de escapar, o que até já aconteceu, mas a sorte foi que a cadela estava junto e consegui pegar (risos). A pressa do dia-a-dia nos demanda mais agilidade do que o cavalo pode oferecer, mas Setembro é valioso para o Rio Grande e eu entendo que por ele não preciso de permissão para valorizar", afirma.

Sobre os olhares estranhos de quem o exerga na lida, o jovem confessa que não se importa e até entende. "Dentro de uma universidade moderna, com tecnologias avançadas, eu descendo de cavalo e com ferramentas ancestrais, claro que causa estranhamento. Mas é lindo o tilindar da espora naquele chão de pedra", declara.

Apesar da instituição não ser o melhor lugar para andar a cavalo, pela falta de local cercado e pelo fluxo intenso, Lobuna e Marrom têm o seu cantinho enquanto o dono estuda. "Eu levo a corda de soga e deixo ela pastoreando atrás dos blocos da universidade. A cadela é protetora, mas eu não posso levar junto sempre. Ela eu prendo perto dos arreio", explica. 

Tradição que vem antes do berço

O amor pelo Rio Grande e a valorização das tradições fazem parte da essência do jovem de 27 anos. Na década de 50, o bizavô paterno, José Altivo dos Santos, que hoje dá o nome ao Departamento Tradicionalista Gaúcho (DTG) de Santa Cruz, foi o primeiro tradicionalista a desfilar a cavalo nas ruas da cidade. Alguns anos depois, o tio avô foi o fundador do CTG Tropeiros da Amizade, no Bairro Senai, um dos antigos da cidade. Foi lá, que entre bailes e invernadas, que os pais de Andrei se conheceram e atuam na cultura gaúcha até hoje.

Para Andrei quando criança, vestir a bombacha era algo muito significante. "Sempre fui muito elogiado pelos meus tios a cada vez que chegava pilchado e apertava a mão dos mais velhos. Me deixava feliz ver o sorriso deles por minha causa", relembra. Além da bombacha, o estudante de jornalismo também segue a tradição da família no futebol. Ele torce pelo Grêmio e conta uma das primeiras vezes que andou a cavalo pela cidade. "Foi no dia 26 de novembro de 2005, quando o Grêmio venceu o Náutico. Peguei a Baia, minha outra égua, e fui até a Imigrantes com a bandeira do Grêmio", recorda.

Entre viagens, conversas, e "De Rodeio em Rodeio", como se chama o programa do tradicionalista na Web, ele afirma que aprendeu muito sobre os costumes e tem a missão de honrar e passar adiante. Laçador, poeta, dançarino e professor de invernada, Andrei se considera um divulgador das tradições gaúchas. "O que eu faço no tradicionalismo? Eu amo! Eu vivo! Eu passo adiante! Aprendi com meu pai a dar buenas olhando no olho, assim eu faço. Participo de mais que uma entidade na região, por conta destas atribuições, mas a que mais me agrada, é ser gaúcho! Só isso! Vou aos lugares pelo prazer de ser gaúcho! Sem ego, sem segundas intenções!", ressalta.


Foto: Kethlin Meurer/Portal Arauto
Quem é o estudante tradicionalista que vai a cavalo para Unisc


Foto: Kethlin Meurer/Portal Arauto
Quem é o estudante tradicionalista que vai a cavalo para Unisc