O número de famílias vera-cruzenses contempladas pelo programa Bolsa Família, do Governo Federal, caiu drasticamente num comparativo dos últimos 10 anos. Devido ao cruzamento de dados com bases oficiais dos governos estadual e federal, como INSS, Denatran, Caged, RAIS, funcionalismo público, CNPJ e imposto de renda, associada à melhoria das condições de vida e oportunidades geradas a várias famílias, a diminuição do número de beneficiários é realidade em Vera Cruz. A assistente social e gestora do programa no município, Gabriela Ferreira, que coordena a Secretaria de Desenvolvimento Social, explica que além desses dados cruzados, uma vez por semana há visita técnica domiciliar a famílias que apresentam algum erro no cadastro ou suspeita de omissão de informações. Em 2009, 1.096 famílias recebiam o recurso e no fim do ano passado eram 651 famílias beneficiadas.
Para receber o Bolsa Família - destinado a famílias pobres e extremamente pobres - é preciso estar inserido no Cadastro Único para Programas Sociais. É ele que reúne informações socioeconômicas das famílias de baixa renda – aquelas com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa. Estas informações permitem ao governo conhecer as reais condições de vida da população e, a partir destas informações, selecionar as famílias para diversos programas sociais.
COM O BENEFÍCIO, NADA FALTOU
Clarice Padilha, 46 anos, e o marido, Luís Oberti Rodrigues Padilha, 45 anos, são pais de Emerson, 25 anos, e Anderson, 16 anos. A família recorreu ao benefício quando ainda se chamava Bolsa Escola, “porque a gente não tinha trabalho fixo, era safrista, e meu filho tinha direito porque estudava”, explica Clarice, que começou a receber o auxílio em 2002 e foi cortado em 2016. “Nossas condições eram as mesmas, sempre nas fumageiras e meu marido fazia biscate depois da safra, de pedreiro”, frisa. Com isso, o Bolsa Família teve muita importância para a família, pois possibilitou que os pais investissem nos filhos, não deixando faltar roupas, calçados, alimentos, móveis. “Até curso a gente pagou para o filho mais velho, porque pensava em dar o que eu não tive para meus filhos”, diz Clarice.
Hoje, ela continua trabalhando como safrista, mas seu esposo conquistou um emprego fixo há quase um ano. O filho mais velho também: já casou e possui emprego fixo, enquanto que o caçula ainda está estudando e faz curso no Senai. “Eu sou uma mãe muito orgulhosa dos filhos que tenho e da família que construí com muita dificuldade. Só queria uma coisa que não tive: estudo, porque tenho até 4ª série. Tentei um emprego fixo e nunca consegui”, refletiu Clarice. Ela frisa que nunca deixou de trabalhar para poder melhorar as condições de vida da família. “E tem gente que não se esforça, confiam só naquilo ali e não querem trabalhar”, condena. Clarice reconhece o quanto o benefício auxilia a família a se manter, mas confessa que também é muito bom não depender dele para conseguir as coisas.