Três profissionais foram ouvidos e ambos acreditam que aplicativo não será rentável no município
Tema de polêmicas por onde passa, o aplicativo de transportes Uber começa a operar nesta sexta-feira (23) em Santa Cruz do Sul. E como não poderia deixar de ser diferente, a chegada do aplicativo do município gerou reclamações dos taxistas. A principal queixa se refere ao fato do não pagamento de taxas, que para os taxistas são obrigatórias.
Para Gerson Nagel, que há 18 anos trabalha em um ponto da Avenida Independência, a concorrência é desleal. "Não tem como competir. Eles oferecem um valor mais baixo porque não pagam taxa nenhuma. Nós temos que pagar alvará pra tudo, tudo é cobrado para o taxista, nada é de graça", argumenta. Nagel também tem dúvidas quanto a durabilidade do serviço no município. "Com essa tarifa não vão conseguir tirar um bom salário. Vai dar dois, três meses e vão abandonar", acredita.
Lisandro Rozzo concorda. Atuando há quatro anos em um ponto da Rua Fernado Abott, ele aposta que o aplicativo não dará certo em Santa Cruz. "Não vai vingar, pode escrever aí. Essa concorrência desigual que eles propõem vai ser um tiro no pé. Além da taxa de viagem ser muito baixa, o povo daqui não tem essa cultura de chamar por aplicativo. Pode ser que dê certo na região da Unisc, no Esmeralda que é longe do centro, mas só", aposta. Rozzo diz também que espera uma postura rígida do poder público. "Quero ver o que a Prefeitura vai fazer, porque para os taxistas cobram de tudo e não ajudam em nada. É alvará pra carro, pra taxista, é curso caro para se regularizar. Ultimamente é so complicação para o nosso trabalho", reclama dando como exemplo o valor de uma corrida até a Estação Rodoviária. Do ponto onde trabalha, o transporte tem o custo de R$ 13, 50. No Uber, a estimativa de valor no mesmo trajeto é de R$ 7,50.
Associação Rádio Táxi vai aguardar
Ouvido pela reportagem do Portal Arauto, o presidente da Associação Rádio Táxi de Santa Cruz, Adair Neves, disse que vai aguardar um posicionamento da Prefeitura sobre o aplicativo de transportes. "Já conversei com o secretário e vamos aguardar. Não é o meu interesse, por exemplo, que o aplicativo deixe de operar em Santa Cruz, mas eu cobro que ele seja regulamentado, que se pague taxas, que dê algum retorno para o município. Agora, se a Prefeitura liberar, aí vamos nos manifestar. Uma atitude terá de ser tomada", afirma.
Neves também concorda com os taxistas ouvidos pela reportagem. Para ele, em uma cidade do interior, o aplicativo não se torna rentável. "E o custo para os motoristas? Tô pra ver se vai dar certo. 25% eles têm que deixar pra Uber, mais manutenção, mais combustível, é muito gasto sem uma tarifa adequada. Em Porto Alegre, dá certo porque é uma capital, com milhões de pessoas. Eles largam um passageiro e logo já pegam outro, sem voltar para o ponto de origem com apenas uma corrida.", diz.
As taxas
Para obter a licença em Santa Cruz do Sul, os profissionais devem respeitar uma lei municipal. O regime de permissão para taxistas determina que os profissionais passem por um curso obrigatório, além de recolher o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). Outros custos envolvem o alvará, estipulado em R$ 107,70, e adaptação dos veículos com instalação de taxímetro e faixa de identificação nas laterais.
Prefeitura não irá se manifestar
Em nota, a Secretaria de Comunicação afirmou que não irá se manifestar sobre o caso. O poder público aguarda um parecer da Procuradoria Geral do município sobre o assunto.
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