No início dos anos 90, período de consolidação do Plano Real e no qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assumia o poder, Mateus Silva Skolaude estava no Ensino Médio. Na época, o jovem não gostava de História. Até que uma professora conseguiu transformar a disciplina em um instrumento de problematização social, cultural e política. “Naquele momento, as aulas de história eram importantes para que compreendêssemos o contexto político. Percebi que a história poderia ser um instrumento de análise para entender o porquê determinadas questões são fruto de relações de poder e de aspectos culturais”, revela. Agora, o já historiador vai comemorar na segunda-feira, dia 19 de agosto, o dia da profissão que lhe enche de orgulho.
Há mais de 10 anos, Mateus se dedica a pesquisar temas relacionados à raça, racismo, identidade cultural e identidade nacional. Para ele, o historiador tem a função de trazer à luz aquilo que a sociedade quer esquecer. “Como pesquisador, o que me fascina é poder dar voz e vez para aqueles que foram tidos como invisíveis ao longo da história e ainda continuam marginalizados no presente, como os negros, os índios, as mulheres e os grupos subalternos”, ressalta.
Junto à História também vem a importância da memória, que segundo o historiador, é muito significativa para se pensar o aspecto político contemporâneo. Nesse contexto, ele cita que no Brasil há dois grandes traumas que não se conseguiu resolver: a escravidão e a ditadura militar. “Infelizmente como a gente não conseguiu resolver de forma saudável o debate a respeito da nossa memória em relação a esses episódios, eles vêm nos assombrar no presente”, avalia.
EM TRANSFORMAÇÃO
Quando se pensa na figura do historiador, geralmente vem à mente um sujeito trabalhando em meio a livros empoeirados ou em um museu. Contudo, Mateus explica que apesar de a profissão ser estereotipada por muitos, ela vem se modernizando. “Essa dimensão do historiador, como aquele que manuseia documentos e pesquisa em registros antigos, ainda é muito significativa. Mas não se pode ficar preso a ela, porque hoje há outro perfil de historiador por aí: aquele que faz pesquisa via online e que interage com o mundo contemporâneo”, afirma.
Confira a matéria na íntegra no Caderno Mais, da edição de sexta-feira e sábado, do Jornal Arauto.