Nos últimos meses, uma das coisas que aliviavam meu coração de todo estresse e cansaço, era chegar em casa, deitar na cama com minha cachorra, abrir o Instagram e acompanhar as novidades do tratamento de Nara. A cada storie, a esperança se renovava. Nara Almeida, modelo e influenciadora, morreu hoje após descobrir um câncer no estômago em agosto de 2017. De lá para cá foram diversas postagens na rede social, relatando a luta diária de quem carrega consigo um tumor.
Passei a acompanhar Nara na mesma época em que comecei a escrever um livro para homenagear minha avó que perdi em 2009 para o câncer e também para ajudar uma entidade de Santa Cruz. Assistir os stories de Nara, enquanto lembrava os relatos de cada entrevistado da história que estou construindo, me fazia ter vergonha de reclamar por uma pequena besteira. Toda vez que eu estava mal por algo mínimo, assistir Nara me fazia erguer a cabeça. Ela, com um tumor em um órgão tão complicado, e eu que estou mal? Como assim? Não pode.
Nara, minha avó e meus 15 entrevistados portadores da doença, sempre me passaram a mesma lição: “vamos sair dessa!” E embora o câncer tenha levado Nara, me tirado minha avó e vencido alguns dos meus personagens da vida real, todos eles são exemplos de superação. Às vezes, superar não significa vencer e sim nunca desistir. Nunca cair. Sempre acreditar.
Todos nós, portadores de dores psicológicas e perdas insignificativas, deveríamos lembrar mais de Nara, de Renita e de Antônio. De Pedro, de Joana e da Maria. De todos que lutam contra o câncer e outras doenças incompreensíveis. Verdadeiros heróis que, com lembranças de uma neta, com relatos para um livro, em uma conversa no ponto de ônibus ou em postagens no Instagram, te ensinam sobre a vida.
Obrigada, Nara. Descansa ao lado de Deus.
