É errado ser tradicional?
compartilhe >>

É errado ser tradicional?


Publicado 18/09/2017 13:58
Atualizado 18/09/2017 14:22

Esses dias fui bombardeada nas redes sociais ao criticar uma exposição de arte que, aos meus olhos, não deveria estar disponível para todos os públicos, escancarando temas complexos demais para o entendimento de uma criança, por exemplo. Uma grande amiga me explicou que o fato de eu ser jovem e jornalista, faz com que as pessoas não esperem tal julgamento.

Para ser jornalista e ter menos de 25 anos, eu deveria, para alívio da sociedade, ser entusiasta das causas contemporâneas e sempre discordar das opiniões velhas. Eu deveria, por ser formada em comunicação, achar uma exposição de arte polêmica legal, mesmo a considerando inconveniente. Não. Eu não sou a favor da censura. Mas eu posso não gostar de determinada situação.

Porém, nos dias de hoje, quem não segue o grupo “cult”, quem não participa de manifestações, quem não dá a cara a tapa e quem não vai para a rua pedir liberdade sem respeitar a liberdade alheia, não é legal. É careta. O mundo está radical. Tudo é extremo. Vejo pessoas por aí lutando contra a censura, censurando o direito de outros tantos de não apoiar determinada causa. Vejo gente lutando contra o machismo, colocando o feminismo como única saída. Homens não são melhores que as mulheres. Mas as mulheres também não são melhores do que os homens.

Um dia, sentada assistindo uma palestra sobre os direitos das mulheres, que defendo, vi um jovem oferecendo seu trabalho para ajudar as garotas e colaborar com o grupo. Ele foi ignorado. Elas lutavam pelo espaço da mulher, tirando o espaço do homem. Posso ser tachada de velha, de careta, mas, para mim, não é assim que as coisas vão melhorar. É preciso mais humildade e respeito. É preciso mais consciência e menos modismo. Defenda o que seu coração quer e não o que a sociedade deseja.

Não importa se um grupo está nas ruas defendendo uma ideia que você não concorda. Não importa que seu colega de faculdade disse que é assim. Não importa se te julguem careta. Seja o que quiser. E lute pelo que você acredita. O mundo está chato. Estão todos tão empolgados com o mundo moderno, que muitos valores estão sendo esquecidos. Estamos em 2017, comemorando nossas liberdades, enquanto limitamos os demais a pensarem como quiserem.

Prazer. Tenho 23 anos, sou jornalista e não gostaria de ver meus filhos em uma exposição de deboches, mesmo que muitos a considerem arte. Nasci nos anos 90, mas quero casar na igreja, ter meus filhos e cuidar da minha família. Me formei em  um curso superior e trabalho em um meio de comunicação, mas sou contra o aborto e a favor da vida. Sou jovem e acredito em Deus. Sou jovem e tenho medo sim dos problemas do mundo. Mas, ultimamente, o que mais me assusta são as atitudes daqueles que dizem lutar por um mundo melhor.

Para onde mesmo estamos indo?


É errado ser tradicional?








Luiza Adorna Jornalista, sonhadora e escritora. Apaixonada pelas letras e pelo jornalismo desde criança. Gosta de observar a vida e registrar o que enxerga pelas ruas. Gosta de contar a história das pessoas. Gosta de narrar a existência humana. Notas de Rua é um blog sobre a vida, sobre o cotidiano e sobre aquilo que não deve passar despercebido.