Essa série NÃO incentiva o suicídio. Ela fala sobre pessoas.
Não. Não fui paga pela Netflix. Mas, essa produção merece todos os elogios. Relutei para assistir. O tema suicídio me assustou. Eu não queria. Senti medo. Mas, aceitei o convite da minha irmã e assisti o primeiro episódio. Amei. “Quero o segundo”, pensei. E, então, de sábado para domingo, assistimos todos os 13 episódios de quase uma hora. Todos os 13 motivos que levaram Hannah a tirar a própria vida. E não, essa série NÃO incentiva o suicídio.
Ela não incentiva o suicídio, pois fala justamente do quanto podemos evitar. Tanto observando o quanto as pessoas que te amam sentiriam sua falta, quanto refletindo sobre como é importante não ser babaca com as pessoas. Às vezes, nossas atitudes podem parecer normais, leves e sem maldade. Mas, ninguém é igual. As dores são diferentes. Os corações também. O que é “de boa” pra ti, pode ser horrível para alguém. 13 Reasons Why mostra que é muito fácil julgar, mas é muito difícil sentir e se colocar no lugar do outro.
A série mostra sim como é fácil tirar a própria vida. Mas, ela te faz refletir sobre o quanto isso não é necessário. Porém, para isso, não basta que as pessoas que pensam em fazer o mesmo descubram que não devem. É preciso que os outros não incitem isso. E como evitar? Assim como Justin, muitos garotos por aí não sabem o quanto ferem as meninas ao contar/inventar coisas sobre elas. Assim como Jéssica, muitas garotas já brigaram por causa de ciúme ou por um rapaz. E há muitos Alex’s por aí escrevendo listas idiotas.
Foram sim coisas simples (até os últimos episódios). Pareciam coisas pequenas para quem é bem resolvido. Mas, lembre-se: Nem todo mundo é como você. Tem gente que sofre. Tem gente que não aguenta. E sim: Podemos ser os responsáveis pela morte de alguém sem ao menos saber. Por isso, não espere alguém precisar de apoio para ser legal. Não seja uma boa pessoa só quando necessário. Seja sempre uma boa pessoa. Não humilhe. Não menospreze. E não deixe para depois.
Clay, mesmo com seu puro coração, também matou Hannah. Matou quando seu medo de amar foi mais forte do que a vontade de cuidar dela. Clay gostava de Hannah mesmo com todos os rótulos que o ensino médio proporciona. Clay não ligava para a lista idiota e nem para fotos desnecessárias. Clay gostava do sorriso de Hannah e do cabelo também. Clay a amava, mas nunca lhe falou. Assim como Hannah também nunca lhe disse.
Hannah não cortou os pulsos por conta de uma pessoa ou um motivo. Hannah teve 13 motivos e eles não agiram isoladamente. A soma das 13 razões, das sete fitas e dos 13 lados, fizeram ela desistir da vida. Foram 13 pessoas. 13 histórias. 13 cortes em seu coração. Nunca julgue a dor de alguém. Você não sabe de onde ela veio. E a Netflix vem, dando a cara a tapa, na era da Baleia Azul, com um tema polêmico. Muitos julgaram. Mas, muitos elogiaram também. E não há como não elogiar. Mais uma vez: essa série não incentiva o suicídio. Ela fala sobre pessoas.
Por isso, ame mais, perdoe mais, sinta mais, se coloque no lugar do outro e, por favor, não seja babaca. Não priorize a piada. Não se importe mais com o que os outros pensam do que com as outras pessoas. Olhe mais para o lado, seja você aluno, amigo, pai ou professor. Acredite mais em você e nas pessoas que ama. Incentive mais seus filhos. Converse mais com seus alunos. Desabafe com seus amigos. A vida sempre dá muitos motivos ruins. Mas, ela também proporciona mil razões para viver. Portanto, viva e cuide de quem, um dia sequer, pensou em não viver.
